quarta-feira, 3 de abril de 2013

In Pulso de Miguel Gonçalves


A palavra do momento em Portugal é Empreendedorismo.
O homem do momento em Portugal é Miguel Gonçalves.
É jovem, é bracarense, é psicólogo, é criativo, numa palavra, é empreendedor. O empreendedor que encabeça o programa Impulso Jovem e que é um pouco como a nova "menina dos olhos" do Ministro Miguel Relvas.
Miguel Gonçalves tem um discurso muito terra à terra, um discurso do tu cá tu lá muito próximo das faixas etárias mais jovens, mas a proximidade deste jovem com a dos outros jovens portugueses (pelo menos com uma parte deles) esgota-se no plano da comunicação.
Senão vejamos, o meu dia a dia é passado com jovens e entre os jovens e aquilo que vou presenciando, ouvindo e tentando desconstruir mais não é do que um diálogo derrotista, vazio de conteúdo, conformista em que a única prioridade é o ócio e a preocupação com o dinheiro que os pais deixaram de ter para lhes poder financiar os divertimentos da "night" afirmando com gaúdio que aquilo que querem fazer na vida é NADA.
Chocante? Até pode ser, mas se contextualizarmos a coisa já não me parece assim tão bizarra, quando temos um país que, em rigor, não premeia o trabalho, o mérito, o brio e a excelência conseguidos à custa de esforço, "suor" e "lágrimas", um país que não oferece grandes perspetivas de futuro.
Em parte, até compreendo estes jovens, o seu desinteresse, o seu desalento e a sua falta de atitude proativa mas, se pensarmos de forma realista rapidamente percebemos que uma sociedade inerte e amorfa não se desenvolve e rapidamente percebemos também, que devemos ser agentes de uma educação empreendedora que deve promover atitudes de resiliência, espírito de iniciativa, capacidade de correr riscos controlados, interação com terceiros e trabalho de equipa, capacidade de deliberação, decisão e aprendizagem experimental - "aprender fazendo" alguma coisa.
O Miguel Gonçalves pode ser, quiçá, um agente de peso nesta empreitada. E porquê? O que tem ele de tão extraordinário?
Na minha opinião, é um idealista em tamanho XXL mas tem também em igual proporção, a disposição para aprender e errar, a persistência, o otimismo, a determinação, a iniciativa, a motivação e muita coragem. Em larga medida, tem aquilo que muitos jovens portugueses neste momento não têm, contudo, se forem "agarrados" ainda vão a tempo de desenvolver e rentabilizar essas competências.
Certamente que Miguel Gonçalves não é um Einstein dos tempos modernos que inventa uma teoria revolucionária do universo, nem um D. Sebastião dos tempos idos que vai salvar o país, mas pode ser um impulso jovem que empurre os jovens para fora da caiuxa e puxe o novelo que se enrola nas suas cabeças.

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