sexta-feira, 21 de março de 2014

Digo eu!

É inquestionável a importância de uma estrutura familiar sólida, bem como de um acompanhamento regular nas tarefas e atividades dos filhos. Contudo, penso que muitas vezes se cai num exagero que, ao invés de produzir resultados positivos, fomenta e fraca autonomia e até irresponsabilidade por parte das crianças.
É um facto que os pais cada vez têm menos tempo para os filhos, as exigências profissionais, os horários, o desgaste psicológico e a falta de paciência são uma constante no dia a dia das famílias portuguesas, nas também é um facto que alguns pais, no pouco tempo que vão tendo, exageram na forma como o "gastam" com os filhos. 
É normal, ouvir pais dizer que têm de ajudar os filhos nas tarefas escolares e que todos os dias dispensam uma hora (ou mais), para os trabalhos de casa feitos em "equipa", sendo que os fins de semana também não escapam a esta rotina. É menos normal, ouvir alguém dizer que vai deixar de trabalhar para dar apoio ao filho/a, uma vez que o próximo ano escolar vai ser difícil e o apoio parental tem que ser intensivo... Pois, há dias ouvi isso mesmo e confesso que me causou alguma preocupação este tipo de atitude manifestado por uma mãe que tem uma filha que vai para o terceiro ano. Ainda pensei que este terceiro ano, fosse o terceiro ano de medicina, mas não, trata-se tão só do terceiro ano do primeiro ciclo... Mas afinal o que é que estes professores andam a ensinar aos meninos no terceiro ano, física quântica, biotecnologia molecular ou hermenêutica filosófica? 
É perfeitamente legítimo e, acima de tudo, louvável que os pais queiram acompanhar o crescimento, educação e formação dos filhos, mas sustentar esse tipo de argumentação com princípios de natureza escolar, ainda por cima numa fase praticamente embrionária da vida académica parece-me pouco razoável. Aliás, defendo que a autonomia e responsabilidade devem ser fomentadas precisamente com o início da vida escolar das crianças, sendo que os trabalhos de casa são a primeira grande responsabilidade dada às crianças. E o que muitas vezes acontece, é que estas não tomam a iniciativa de fazer os TPC, esperam que os pais se sentem junto deles e esperam que os pais lhes digam que, por hoje já está.
E provavelmente, vão esperar sempre que os pais estejam lá, onde quer que seja esse lá, para lhes dizerem o que fazer. 
Digo eu! 

11 comentários:

  1. Correndo o risco de estar a ser injusta... cá me parece que essa mãe anda a precisar de desculpas pra ficar em casa...

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  2. Sempre fui muito independente. Talvez por isso tenha amadurecido mais depressa.

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  3. Os miúdos hoje em dia são muito protegidos e realmente não se fomenta nadinha a autonomia caindo-se num massacre absoluto dos putos. Nestas idades o que eles só querem é brincar e depois de 8h de escola, chegar a casa e ainda terem os TPC é dose! Digo eu...

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  4. O meu filho foi sempre excelente aluno, talvez porque a responsabilidade de o ser foi sempre dele...e só depois dos deveres vinha a brincadeira...
    Bjs

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  5. Este assunto dá pano para mangas. Como em quase tudo há que se encontrar o equilíbrio. O bom senso não é um "privilégio" de todos. Há pais para todos os gostos. Se critico os que os abandonam, muito mais os que os sufocam. Agora uma relação equilibrada com os professores também não é fácil:)....Se não vamos às reuniões que eles marcam "não queremos saber", mas se vamos à escola fazer perguntas "fora de norma" ficamos logo debaixo de olho "porque temos a mania":))

    jinhooooosssssss

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  6. Acompanhar e, em simultâneo dar-lhes espaço, incutir-lhes o sentido da responsabilidade, esse penso ser o caminho. Não é fácil, mas é por aí. Mostrar força, sem castrar.
    Talvez porque um NÃO da minha Mãe era isso mesmo, NÃO, o meu carácter foi formado nessa força, nessa coerência e nunca me dei mal com isso.
    Bj

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  7. bom eu acho que pequei com o mais velho por isso agora sou diferente com a mais nova, nem sempre fazemos o correcto mas pelo menos eu tento!
    gostava que eles fossem batalhadores, independentes e felizes!

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  8. Em relação aos TPCs devem ser realmente responsabilidade das crianças, mas supervisionados pelos pais. Não fazer os TPCs pelos filhos, Não estar em cima deles, mas verificar se os fizeram corretamente e tirar dúvidas. Tem de haver um meio termo, muitas vezes difícil de alcançar.

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  9. Concordo plenamente contigo. Nos tempos que correm deixar simplesmente de trabalhar por causa dos filhos não é para qualquer um. Quando são muitos até percebo, mas só para acompanhar uma filha que anda no 3º ano acho que é de doidos, a não ser que lhe tenha calhado o euromilhões.
    beijinho

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